NATIVE AMERICAN
Código de Ética dos Índios Norte-Americanos
lillian escreve " 1. Levante com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência.
O Grande Espírito o escutará se você, ao menos, falar.
2. Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza, originam-se de uma alma perdida.
Ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito.
3. Procure conhecer-se, por si próprio. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você.
4. Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.
5. Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza, ou da cultura. Se não foi ganhado nem foi dado, não é seu.
6. Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas, plantas ou animais.
7. Respeite os pensamentos, desejos e palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal.
8. Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você colocar para fora no universo, voltará multiplicada a você.
9. Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados.
10. Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o otimismo.
11. A natureza não é para nós, ela é uma parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa família Terrena.
12. As crianças são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e ágüe com sabedoria e lições da vida. Quando forem crescidos, de-lhes espaço para que cresçam.
13. Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros, retornará a você.
14. Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do universo.
15. Mantenha-se equilibrado. Seu Mental, seu Espiritual, seu Emocional, e seu Físico, todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis.
Trabalhe o seu Físico para fortalecer o seu Mental.
Enriqueça o seu Espiritual para curar o seu Emocional.
16. Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá. Seja responsável por suas próprias ações.
17. Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros. Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isto é proibido.
18. Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros.
19. Respeite outras crenças religiosas. Não force suas crenças sobre os outros.
20. Compartilhe sua boa fortuna com os outros. Participe com caridade. "
Nativos Norte-Americanos Os primeiros habitantes da América vieram do Nordeste da Ásia (Sibéria), entre 100.000 a 30 mil a.C. Pesquisam indicam que eles alcançaram o Alasca através do estreito de Behing. Outros grupo chegaram à América do Sul, provenientes da Polinésia.
No princípio, os grupos eram nômades, migrando apra novas regiões sempre que a caça diminuia. As primeiras comunidades sedentárias surgiram por volta de 3.000 a.C.
Devido à grande extensão territorial da América do Norte, sua população se desenvolveu de modo distinto. As tribos foram organizadas em várias famílias linguísticas, como os algonkians e os iroquois (nos Eua) e os athapascans ( no Canadá). esses grupos linguísticos dividiam-se em diversos clãs ou tribos, cuja religiosidade foi influenciada pelas características do clima onde estavam fixados e pela maneira como conseguiam alimentos por meio da caça, da pesca ou da agricultura. Os povos da região ártica (esquimós), por exemplo, desenvolveram uma religião sombria, devido aois rigores do inverno e a escassez de luz e de comida.
Apesar das diferenças entre as regiões que habitavam e entre os costumes que possuíam, esses grupos tribais apresentavam em comum a crença em espíritos que guiavam todas as atividades -caça, pesca, colheita e fases da vida humana, como o nascimento, a puberdade e a morte.
Religião Circumpolar
Como várias culturas nativas do àrtico, especialmente da Sibéria - de onde se originaram - os primitivos habitantes do norte da América (Alasca e regiões ártica e subártica) cultuavam os espíritos presentes na natureza e acreditavam no poder dos homens da medicina. (xamãs). Para eles, os seres sobrenaturais que habitam o vento, o Sol, a Lua e o Mar são capazes de impor terríveis punições quando um membro cometia crime ou violava os tabus e regras de grupo. Eles acreditavam na existência da alma e na vida após a morte tanto para os homens como para os animais.
O homem da medicina era encarregado de tarefas como invocar os espíritos bons para proteger a tribo, curar doenças e expulsar os espíritos maus, responsáveis pelas aflições humanas. Ainda hoje, cada membro do grupo, sua família e respectiva tribo devem respeitar um complexo sistema de tabus para assegurar que os animais continuarão a perpetuar sua espécie.
Os nativos norte americanos não possuem organizações religiosas, a espiritualidade para eles na verdade é um modo de vida. A espiritualidade não é a mesma de tribo para todas as tribos.
A espiritualidade nati-americana incorpora crenças de espíritos que controlam os ventos, chuva e fazem rituais para controlar o clima. Ritos de passagem para a fase adulta, nas estações. A principal característica dos nativo americanos, não importa qual a tribo é a relação com a terra.
Segue a tradução da Narração do Álbum The World in your eyes por J. Reuben Silverbird, que retrata uma visão nativa norte-americana da Criação
O Mundo em Seus Olhos
A Nação americana foi separada pela geografia e linguagem. Ainda eles dividem muitas opiniões, mitos e lendas sobre o começo do mundo, e o respeito pelo meio ambiente da Mãe Terra e suas criaturas.
Yata-Hey !
Tire todos os pensamentos de sua mente e deixe-me levá-lo a tempos atrás
para a terra de meu povo
e o Universo da Vida
Nada é mais poderoso
Que a Terra e o Céu
Através desse momento
Entre, feche os olhos , e relaxe
Deixe seu corpo flutuar através do fluxo do oceano
E sua mente viajar através de águas desconhecidas
É o começo...
O Criador da Terra criou as estrelas
Ele pegou água em sua boca e esguichou acima até o Céu
Mas, na primeira noite
Suas estrelas não tinham a luz suficiente
Então, ele pegou um cristal de quartzo, e quebrou nela,
E o arremessou em minúsculas peças até acima do Céu
Para misturar com a água e as estrelas
desde então, houve luz suficiente
Raios de Sol impregnaram a Terra
E, desta maneira uma milagrosa união, descendência celestial estava nascendo
Nosso povo passou a chama-los Pai Céu e Mãe Terra
Desde o começo
Mãe Terra e Pai Céu foram sempre se mudando
Como fumaça ao vento
Eles poderiam se manifestar em qualquer forma no futuro
Eles mudavam a si próprios
Até o homem e a mulher
Na beira de cada mundo
Campos, plataformas de montanhas separavam campos de outros campos
E Mãe Terra declarou :
Devo ser um lar para as minhas pequeninas crianças.
Através de meu peito eles devem tirar líquidos e alimentarem-se
Nuvens brancas devem flutuar sobre estas Grandes Águas e , ao redor do mundo
As nuvens devem estar firmes e repartidas pelo frio do Pai Céu
Vertendo para baixo em jatos de chuva
A água da Vida, até os lugares de desfiladeiros de meu corpo
Espécies humanas e criaturas estarão aconchegadas do frio.
Ao entardecer as árvores nas altas montanhas
Próximas as nuvens e Pai Céu
Abaixam em direção a Mãe Terra para calor e proteção.
Calor é mãe Terra
Frio é Pai Céu
Alinhado como a mulher é quente
E o homem o ser frio
Estações chegariam e viriam distintas e diferentes como seus nomes
Primavera
Verão
Outono
Inverno
As estações se articulam e formam o círculo da vida para o nosso povo acompanhar
Tudo o que os nativos americanos fazem é num círculo é porque o poder do mundo sempre trabalha em círculos
Assim, enquanto o arco sagrado não quebra o povo floresce
No interior da floresta
Quando a noite está negra
Enquanto a Terra descansa
A coruja permanece em guarda
Seus olhos incandescentes
empoleiram-se ao alto
mostrando a silhueta da Lua
E caçando as estrelas
A Estrela da manhã está de pé
O cheiro de doces trevos vestem os campos
A floresta surge viva
Saboreia-me
Eu sou o Vento
Veja-me Eu sou o Urso que fica no Oeste
Toque-me
Eu sou o cinzento e magro Alce
Dançando na floresta
O rio é a vida
Suas águas geladas espirram espumas de água
através das montanhas
em direção à superfície
O arco-íris vislumbra no nevoeiro que vem apagando as águas cristalinas
O que é a vida ?
Ela é o clarão dos vaga-lumes na noite
É a respiração do búfalo no tempo do inverno
O que é a morte ?
É um inexorável bater do Sol
Formando raios
Queimando abaixo o solo do deserto
Você é chuva
E você pode trazer fertilidade
Ou pode trazer destruição
Você pode fazer com que o arco-íris venha com toda a sua gloria esplendorosa
com suas cores vívidas e coloridas
Você sente facilidade para tocar
Sim, você é a chuva
Você traz a vida para plantas e flores
Para as cachoeiras sem fim
Rios, correntezas que fluem
Você é chuva
O rio corre para o mar
O movimento do Oceano
É como o coração batendo de vida
E profundamente abaixo é o silencio do Universo
Como dentro de nós mesmos
Nós somos parte de todo o universo
O centro do Oceano é como nossa consciência profunda
E o arrebentar das ondas são nossos pensamentos
Chegando de fora para o nosso interior profundo
Vida do Oceano trazendo vida para as Terras
Grandes nuvens de águias,
evantem-me com seus ventos
Tragam-me para a entrada da Terra.
Senhor do Céu
Que voa próximo ao Grande Espírito
levante-me com seus ventos
Até acima do mundo
Deixe-me ver onde você me leva
Deixe-nos vivos na casa da harmonia
Que através de minha cabeça possa ser feliz
Que por meus pés possa ser feliz
Que onde que eu esteja, possa ser feliz
Que tudo ao meu redor possa ser feliz
Eu sou belo e lindo
Tudo é beleza à minha volta.
A Associação entre Xamanismo e Espiritualidade Nativa A associação entre xamanismo e espiritualidade nativa dos povos americanos, tal como chega aos nossos dias, deu-se por vários factores, a partir da década de 50, através dos movimentos sociais e culturais que agregaram a esta relação novos valores, alegorias e simbolismos.
A sistematização de algumas práticas inspiradas nas culturas nativas para o meio urbano é, muitas vezes, confundida com uma representação “fiel” do que seria a espiritualidade de um determinado povo. Estas co-relações têm originado uma certa confusão, principalmente no que toca a respeito aos rituais e cerimónias próprios da religiosidade dos povos.
Exponho a seguir algumas reflexões pessoais sobre esta relação e sobre onde podemos interagir objectivando o respeito para com o outro, o esclarecimento e uma cura efectiva a nível não somente pessoal, mas planetário.
Definirei como “nativo” ou “indígena” as expressões relacionadas à população autóctone, originária de uma localidade, em qualquer parte do mundo. A palavra “indígena” está geralmente associada aos povos nativos das Américas, assim denominados em função dos colonizadores que acreditavam ter chegado às Índias.
O xamanismo, na sua essência, não pertence únicamente a um determinado povo ou cultura, pois é fruto de um fenómeno que ocorre no início do despertar da própria consciência humana, sendo assim, uma herança de toda a Humanidade.
Xamanismo, no sentido tradicional, é o termo utilizado para identificar as práticas que utilizam o êxtase, o transe, o estado alterado de consciência para estabelecer contacto com o mundo subtil das energias, o invisível, o universo paralelo, ou ainda, outros mundos e realidades, expandir a consciência. Estas práticas, nas mais diversas culturas em todo o mundo, têm como função procurar conhecimento, curar, viajar, contactar os espíritos e as forças do Universo. O xamã seria, tradicionalmente, uma pessoa reconhecida pela sua comunidade que apresentava ou desenvolvia estas habilidades.
Originalmente o termo “xamã” começou a ser utilizado por viajantes do século XVI que estiveram em contacto com os tungu (Sibéria) que definiam por “saman” o homem que, em êxtase, era o intermediário entre os mundos, fazendo curas, vaticínios e cerimónias mágico-religiosas com a ajuda de espíritos auxiliares. Os colonizadores americanos falavam dos homens-medicina, ou “medicine men”. No século XVIII, a palavra já figurava em publicações europeias. Depois, o termo tomou mais força nos meios académicos e científicos substituindo as designações populares, até então utilizadas, de curandeiros, feiticeiros, bruxos.
Para os evolucionistas, por exemplo, o xamanismo seria uma forma primitiva de religiosidade e designaria um dos estádios pelo qual passa a Humanidade até chegar às religiões “institucionalizadas” propriamente ditas. Sob este prisma, é normal vermos colocações onde o xamanismo seria o precursor de várias religiões, já que muitas das suas práticas estão, originalmente, vinculadas a crenças mágico-religiosas.
O xamanismo inspira a religiosidade pelo seu contacto com o mundo do invisível e dos espíritos (principalmente os da natureza), porém não é uma religião. Há diferença entre religiosidade e religião. A primeira é como nos relacionamos com o universo mágico e místico, é a fé, é a nossa visão do mundo. Já a religião baseia-se em dogmas, doutrinas, e liturgias específicas.
Associamos as culturas nativas ao xamanismo, sejam do Norte da América, do México, dos Andes, da Europa, porque nelas se preservam, até hoje, algumas práticas de transformação da percepção e da consciência. Muitas destas práticas ocorriam, ou ocorrem, dentro de cerimónias específicas destes povos. A grande maioria dos interessados nas práticas xamânicas acabam por conhecer e reverenciar estas sagradas cerimónias e sentem uma afinidade com esta visão do mundo, pois é uma forma de manter a prática dentro do contexto que lhe deu origem. Mesmo assim, isto tem levantado questões e até posições fervorosas por parte dos povos que alegam que têm, em muitos casos, a suas cerimónias usurpadas e utilizadas sem critérios e parcimónia.
Nos Estados Unidos, por exemplo, há um movimento forte de nativos contra o “xamanismo”, por acreditarem que sob esta denominação escondem-se, na sua maioria, pessoas que usurpam as suas cerimónias e que “vendem” a ilusão de um modo de vida que não corresponde à realidade.
Os povos nativos da América do Norte parecem ser os que mais sofrem com estas questões, devido principalmente ao retrato “hollywoodesco” que fazem da sua cultura e que chega através da imprensa aos confins da terra.
A imagem do “bom selvagem”, do herói ecológico é, hoje, uma distorção imensa da realidade, onde há um certo contingente de indígenas que destroem o próprio meio ambiente, auxiliam no desmatamento, nas explorações das riquezas minerais, bem como muitos criam “pacotes turísticos e espirituais” da própria cultura.
Embora o xamanismo possa estar inspirado em várias práticas de origem nativa e ancestral, temos que compreender que ele não é a espiritualidade indígena e nem é exclusividade das Américas. Primeiramente porque, como já mencionei, é anterior até ao povoamento do continente americano e é uma manifestação que acompanha a Humanidade na sua caminhada pela exploração da consciência. E depois, porque as práticas de ampliação da percepção através do êxtase se estendem por todo o globo terrestre, tendo sido encontradas entre europeus, africanos, orientais, etc.
Um exemplo de prática inspirada nas tradições nativas é a utilização do tambor. O tocar tambor não é necessariamente xamanismo, mas atingir estados alterados de consciência através dos toques do tambor é uma prática xamânica. Michael Harner (antropólogo), nos seus estudos junto de algumas tribos, observou que atingiam o êxtase unicamente com os sons dos tambores. Inspirado nisso, temos hoje uma prática bastante utilizada no meio urbano, que é a viagem xamânica com tambor. Outros estudiosos, como Terence McKenna (etno-botânico), acreditam que a exploração da percepção e da consciência se deu através da utilização de plantas psicoativas, sendo este o cerne da prática xamânica.
Don Agustín Guzmán, peruano que trabalha com o Cactus Wachuma (Echinopsis pachanoi) há mais de 15 anos, acredita que a palavra “xamanismo” está na moda e não é apropriada para designar as práticas de culturas ancestrais. Tais cerimónias e práticas, que mesclam religião, mistério, ancestralidade, ciência e magia, são chamadas de medicina tradicional dos povos.
Alguns movimentos da sociedade ocidental, a partir dos anos 50, como os beatniks e hippies, começaram a revalorizar as espiritualidades vindas do Oriente e também das culturas da própria localidade. O xamanismo é uma das práticas que toma força, incentivado, talvez, pelo psicodelismo um tanto caótico da época. Há uma enaltação, pelas necessidades do momento, de valores éticos, transculturais, ecológicos, novas visões do mundo e novos simbolismos inspirados em tradições ancestrais.
Desta época também temos a ideia da paz, do amor, do feminismo, do nativo “ecologicamente” correcto, de que todos somos um organismo único, respirando juntos. Este reflexo deixou-nos como herança até os dias de hoje, uma mistura entre as espiritualidades voltadas para a visão do ser como um todo e as culturas voltadas para a natureza. Começa-se a falar de energia, vibração, aura, conexão, transcendência. Surgem novos meios de exploração da consciência. A visão holística do ser, o respeito, a paz, o amor são também legados fundamentais.
Há uma compreensão de que muitas das enfermidades têm origem na alma, nas emoções, no espírito, e o ser é considerado como um todo. Procura-se o tratamento na origem do problema, e não somente se remedeia os sintomas. O entendimento do que é medicina e cura é amplo, pois é tudo o que nos pode colocar novamente em conexão, equilíbrio e harmonia com todas as nossas relações, com a vida, com o nosso “Eu”.
A revalorização decorrente das práticas xamânicas e das medicinas e espiritualidades ligadas à Terra chega até nós impregnada desta herança e vai de encontro à situação em que o nosso planeta vive neste preciso momento.
O xamanismo abraçando e assumindo estes novos (ou serão ancestrais?) valores e funções tem-se mostrado, ao que parece, com uma função fundamental de auxiliar a mudança do paradigma da Humanidade. De substituir o modelo predatório da natureza, ineficaz para a própria raça humana, por um padrão de coexistência e respeito para com o planeta.
E é aqui que encontramos um ponto de intersecção, que deveria estar acima de qualquer desentendimento:
A procura mútua de alternativas de Cura, Paz e de ligação com a Natureza.
Os Xamãs do Subúrbio por Richard Petraitis, original em REALL
Um estudante aproximou-se na classe outro dia e contou para mim uma bizarra história de um homem que alegava ser um verdadeiro xamã! De acordo com o relato, o homem encontrou o estudante em um restaurante e prosseguiu para contar a ele e a sua namorada que era um verdadeiro xamã que recebeu seu treinamento na Índia. (A Índia não é exatamente o berço do xamanismo. O dicionário Webster define um xamã como "uma pessoa que age como intermediário entre os mundos natural e sobrenatural, usando magia para curar doenças, prever o futuro, controlar forças espirituais, etc.". O xamanismo originou-se no Norte da Ásia, onde ainda é praticado entre parte do povo indígena da Sibéria). Eu pedi a meu estudante que, se encontrasse este "xamã" novamente, perguntasse como ele recebeu seu treinamento no país predominantemente hindu e sikh que é a Índia, conhecida por yogis e homens-santos, não xamãs!
Entretanto, distanciando-me de meu ataque usual àqueles que alegam poderes paranormais, com questões dirigidas a como estes poderes desafiam as leis científicas conhecidas, eu deixarei a história americana fornecer os exemplos que desaprovam as alegações de que qualquer xamã americano "moderno" possui poderes mágicos. A História mostrou que os xamãs não tinham poderes mágicos, mesmo quando praticados por aqueles que possuíam genuinamente tais crenças em nosso próprio passado - os americanos nativos. Por favor confie em mim quando eu digo que os nativos americanos tinham várias razões para usar suas melhores feitiçarias contra o inimigo invasor, os europeus. Começando com Colombo, Cortez e Pizarro, e terminando nas últimas batalhas indígenas pelas Américas, como o caso trágico em Wounded Knee nas Dakotas, a história registra que um xamã após outro usou seus melhores encantamentos e feitiços para combater os invasores europeus e proteger os guerreiros de sua tribo, mas sem resultado. Armas superiores, doenças devastadoras e uma tomada colonial contínua de terras, apesar da luta feroz e desesperada dos nativos americanos, superaram o povo original das Américas. Vamos estudar de perto relatos específicos de xamanismo sendo usado para combater o inimigo europeu durante as guerras indígenas, lutadas em um período de quatrocentos anos. A mágica usada pelos xamãs nativos americanos tentava, sem sucesso, deter os invasores europeus das várias nações americanas nativas.
Depois da chegada de Cristóvão Colombo em 1492, a exploração e colonização européia das Américas acelerou em passo rápido. O povo das Américas iria ser forçadamente desperto a uma cultura agressiva e nova a eles, a da Europa Ocidental. O imperador asteca, Montezuma, líder de um império militarístico e um crente nos poderes dos feiticeiros, tinha um certo número destes xamãs presentes em sua corte. Quando o aventureiro espanhol, Hernando Cortez desembarcou com seu pequeno exército próximo da atual Veracruz, México, Montezuma mandou seus melhores feiticeiros para jogar os mais fortes feitiços nos conquistadores. Os feitiços não funcionaram e os mágicos atribuíram a impotência de suas artes mágicas às "carapaças" dos conquistadores, possivelmente uma referência à armadura que eles usavam como proteção contra armas astecas. Incapaz de deter o exército de Cortez com mágica, o império asteca seria incapaz de impedir seu avanço à capital Tenochitlan. A chegada espanhola à cidade capital dos astecas seria o começo do fim para Montezuma e seu povo. A terra do México mudou de governantes, apesar da resistência asteca tanto por meios físicos quanto mágicos. Como um exemplo, durante um cerco à capital asteca em 1521, sacerdotes astecas realizaram cerimônias, incluindo sacrifícios humanos, e prometeram à população aflita que Cortez e seus aliados indígenas seriam entregues às mãos astecas pelo seu deus da guerra em oito dias. Infelizmente, a situação falhou em mudar militarmente, e a população tornou-se completamente desmoralizada. Eles já haviam fica desiludidos quando Cortez não revelou ser seu deus de volta, Quetzalcoatl!
Os xamãs nativos americanos, geralmente homens devido à hierarquia masculina na maioria das tribos indígenas, alegavam que tinham a habilidade de prever o futuro usando de adivinhação e buscas por visões. Apesar de inúmero xamãs e curandeiros entre as quinhentas nações nativas americanas antes de 1492, nenhum destes homens de mágica usou seus poderes especiais para prever e preparar seu povo para repelir a futura invasão européia. O imperador inca, Atahuallpa, em 1532, foi pego completamente de surpresa com a notícia de homens brancos desembarcando de navios na costa peruana. Adivinhadores incas também não forneceram nenhuma pista prévia para impedir a invasão, apesar de sua intimidade com o mundo dos espíritos. (Entretanto, um líder litorâneo, que trouxe a notícia da chegada espanhola a Atuahuallpa, realmente deu ao imperador inca um sábio conselho para silenciar o canhão espanhol - jogar cerveja inca dentro do cano para acalmar o deus do trovão dentro dele). Os nativos americanos da costa atlântica estavam similarmente surpresos com a primeira chegada de europeus às suas praias, apesar dos xamãs e profetas tribais em seu meio. Por que os nativos americanos não tiveram nenhum alerta sobre sua eventual conquista por nações inimigas com todo o talento sobrenatural maravilhosamente poderoso a seu lado? Por que nenhuma visão de navios chegando a suas praias, carregados com aventureiros militares, colonos e escravos?
Durante a Guerra de 1812, uma luta intensa varreu a América do Norte. Vários povos indígenas estavam no processo de perder suas terras natais, a leste do rio Mississipi, devido ao avanço das colônias americanas. Em 1811, uma confederação indígena estava sendo forjada pelo chefe Shawnee, Tecumseh, para combater as tropas dos Estados Unidos, que estava então à beira de guerra com a Inglaterra. O irmão de Tecumseh, Tenskwatana, "O Profeta", alegou possuir poderes especiais depois que manipulou informações sobre um eclipse, obtidas de oficiais britânicos para conseguir que aliados potenciais se alinhassem à confederação de seu irmão. Enquanto Tecumseh estava longe em uma campanha de recrutamento, "O Profeta" decidiu atacar um exército americano acampado nas proximidades. Tenskwatana convenceu centenas de guerreiros Shawnee e seus aliados que sua mágica iria fazer com que as balas dos soldados americanos iriam derreter como água. Infelizmente, assim como os paranormais de hoje, Tenskwatana falhou em cumprir o prometido. 6 de novembro de 1811 jogou desastre sobre os planos de Tecumseh na batalha de Tippecanoe, e uma perda em seu prestígio entre as tribos indígenas devido à alegação de seu irmão de realizar mágica. Um ataque feroz dos guerreiros indígenas foi abatido pelas salvas de fogo americano, e o exército indígena em Prophetstown foi dispersado diante de um futuro presidente, William Harrison, então governador de Indiana. Prophetstown foi queimada e o sonho de Tecumseh de uma confederação indígena gigante tornou-se vítima do pensamento mágico. (Tecumseh quase matou seu irmão enquanto estava enfurecido por causa do fiasco).
Em 1814, uma revolta "inspirada em Tecumseh" na nação indígena Creek, a guerra "Red Stick", foi liderada por alguns profetas "divinamente inspirados" que diziam possuir poderes especiais contra qualquer inimigo, especialmente o homem branco. Depois da destruição Red Stick do Forte Mims, três exércitos americanos lançaram uma invasão retaliatória a terras Creek. Uma vila Creek, chamada Red Eagle, também conhecida como "Terra Sagrada", era supostamente protegida por estes profetas Creek. Eles alegaram ter lançado uma barreira invisível em torno da vila que destruiria qualquer soldado branco que a atravessasse. Em 23 de dezembro de 1914, tropas americanas atacaram a cidade com baionetas, com apenas uma baixa americana, forçando os guerreiros Creek a uma dura retirada depois de sofrer baixas muito mais pesadas em suas próprias fileiras. Podemos dizer com segurança que a credibilidade dos profetas Creek entre seu povo provavelmente caiu um pouco naquele dia. (Uma situação similar ocorreu quando sacerdotes Zuni tentaram deter o avanço dos conquistadores durante o século XVI ao desenhar uma linha com milho sagrado, que foi imediatamente desfeita pela cavalaria espanhola). Mais uma derrota para aqueles alegando poderes sobrenaturais achados nos livros de história! Que tal mais um exemplo da falha xamânica em ajudar pessoas em uma luta de vida ou morte por sobrevivência?
Perto do século XIX, as tribos da América do Norte conseguiram confinar suas tribos remanescentes a algumas reservas em uso pela força militar. Haveria ainda mais um drama de resistência a ser realizado no oeste, a de Wounded Knee, Dakota do Sul. Um índio Paiute chamado Wovoka começou um movimento religioso chamado Dança Fantasma que antecipava o retorno de terras aos índios. Muitos de seus seguidores eram índios Sioux, um povo antes orgulhoso dono de terras que resistiu ao homem branco através da adoção com sucesso de cavalos e armas de fogo.
Wovoka alegava poderes sobrenaturais; ele dizia que os mortos iriam retornar e restaruar a terra aos índios. Wovoka disse aos seus seguidores que eles seriam protegidos das balas da cavalaria americana ao usar "camisas Fantasma". O movimento cresceu por dois anos e alcançou seu zênite em um confronto armado, em 21 de dezembro de 1890 em Wounded Knee, Dakota do Sul. O confronto começou com uma tentativa de dispersar uma grande número de índios Sioux, enquanto o exército americano movia-se para prender os líderes do movimento Dança Fantasma. Enquanto alguns guerreiros Sioux estavam entregando suas armas, um tiroteio começou entre os dois lados. Duas armas Hotchkiss, antecessoras de metralhadoras, atacaram o bando Sioux, deixando quase trezentos mortos, entre homens, mulheres e crianças. A mágica nativo-americana havia levado, através de camisas Fantasma e pensamento mágico, a um falso senso de invencibilidade. Foi um trágico fim a uma nação guerreira corajosa.
O que devemos concluir do número crescente de pessoas na América que advogam uma volta ao pensamento xamanístico (atualmente disfarçado de pensamento Nova Era), que tantas vezes teve trágicas conseqüências para muitas culturas ao redor do mundo contra os agressivos poderes europeus e seus exércitos tecnologicamente avançados? De xamãs do subúrbio, bruxas urbanas e médiuns espíritas a uma crença no poder dos cristais, podemos na nação Americana estar lançando a fundação para uma tragédia futura?
A alegação de realizar mágica através do contato com um mundo espiritual falhou não apenas nos testes históricos, mas também nos científicos. Toda pseudociência, incluindo poderes mágicos, desaparece frente ao método científico e ao teste da história. Então, se qualquer pessoa caminhar em sua direção em um restaurante e alegar que ele ou ela é um xamã, por favor pergunte a essa pessoa por que as nações nativo-americanas, imersas culturalmente em xamãs e curandeiros, falharam em repelir a invasão européia em seu continente, ou em salvar seu povo da destruição de novas doenças introduzidas pelos europeus. Apenas no século vinte as populações nativas americanas começaram a recuperar seus números perdidos, depois de um despertar rude de sua visão de mundo sobrenatural. Não vamos abraçar a pseudociência como um caminho para manipular o universo físico à nossa volta. A História oferece incontáveis exemplos de tragédia ligados a tal abordagem. Através da ignorância da história, como um homem famoso disse certa vez, você está condenado a repeti-la.
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