nao ah caminho para a verdade- krishnamurti

09-06-2010 20:28

 

 



Não há caminho para a verdade.
J. Krishnamurti



Não há caminho para a verdade,

ela deve vir até você.
Mas a verdade virá tão somente quando sua mente
e seu coração forem simples, puros.
Quando lá existir o amor.
Não haverá espaço para a verdade se o seu coração
estiver ocupado com as coisas da mente.
Quando há amor no seu coração, você não fala
sobre organizar-se em irmandades; você não fala
sobre crenças; não fala sobre divisões forças
que criam conflitos. Não precisa esforçar-se
por reconciliações. Você é simplesmente um ser humano
sem rótulos, sem bandeira. Isto significa que
você precisa despir-se de todas aquelas coisas
e deixar a verdade entrar em seu ser.
Ela virá quando a mente estiver vazia,
quando a mente parar de inventar.
Então a verdade chega sem ser convidada.
E ela virá tão rápida quanto o vento.
Ela chega de repente, quando você não estiver
olhando nem a espera. Súbita como o Sol,
pura como a noite.
Mas para recebê-la seu coração deve estar cheio
e sua mente vazia...
Como estão eles agora?



*

Assim, não há nenhum caminho para a verdade,
e não há duas verdades.
Verdade não é do passado ou do presente,
é "atemporal"; e o homem que cita a verdade do Buda,
de Shankara, do Cristo, ou que repete o que eu
estou dizendo somente, não achará a verdade,
porque a repetição não é nenhuma verdade.
Repetição é uma mentira.
Verdade é um estado de ser que surge quando a
mente - que busca dividir, ser exclusiva,
que só pode pensar em termos de resultados,
de realização - se acabou.
Só então a verdade poderá estar lá.

A mente que está fazendo esforço,
enquanto se disciplinando para alcançar um fim,
não pode saber a verdade,
porque a meta é sua própria projeção,
e a perseguição daquela projeção,
mesmo nobre, é uma forma de auto-adoração.

Tal ser que está adorando a si mesmo
não pode conhecer a verdade.



Verdade só será conhecida quando nós entendermos o processo total da mente, quer dizer, quando não há
nenhum "conflito".

*
. ...Verdade não é contínua, não tem nenhum lugar permanente,
só pode ser percebida de momento a momento....
A verdade é sempre nova; é ver o mesmo sorriso, e vê-lo como novo, é ver a mesma pessoa, e ver uma pessoa nova, é ver as novas palmeiras ondulantes, conhecer a vida novamente.

*

Há comparação quando vocês
dizem: "Lembro-me daquele rio que vi
há um ano e ele era ainda mais bonito."

Você se comparam com alguém,
comparam-se com um exemplo,
com o ideal máximo.

O juízo comparativo embota a mente;
ele não torna a mente mais perspicaz,
ele não a faz abrangente,compreensiva,

-porque, quando se passa o tempo
todo comparando, o que acontece?

Vocês vêem o ocaso e o comparam
de imediato com o ocaso anterior.

Vocês vêem uma montanha e
percebem sua grande beleza.

Depois dizem:
"Vi uma montanha ainda mais bonita há dois anos."

Quando comparam, vocês não estão
de fato contemplando o pôr-do-sol
que está na sua frente, mas o contemplam a fim
de compará-lo com alguma outra coisa.

Assim, a comparação impede que
vocês contemplem plenamente.

Olho para você, que é bonito, mas digo:
"Conheço uma pessoa muito mais
bonita, uma pessoa muito melhor,
uma pessoa mais nobre, uma pessoa mais tola".

Quando faço isso, não estou olhando para você.
Como a minha mente está ocupada com outra
coisa, não estou absolutamente olhando para você.






Da mesma forma, não estou absolutamente
contemplando o ocaso.
Para se contemplar de fato o ocaso,
não pode haver comparação;

para olhar de fato para você, não posso
compará-lo com outra pessoa.

Somente quando olho para você sem
um juízo comparativo é que posso conhecê-lo.

Porém, quando o comparo com outra pessoa,
eu julgo você e digo:

"Ah!, ele é um homem muito estúpido".
Assim, a estupidez surge quando há comparação.

Eu o comparo com outra pessoa e essa
mesma comparação elimina a dignidade humana.

Quando olho para você sem comparar,
interesso-me apenas por você e não
por outra pessoa.
O próprio interesse por você, sem comparações,
gera a dignidade humana.



Em consequência, enquanto a mente
está comparando, não há amor;

e a mente está sempre julgando,
comparando, avaliando, procurando
descobrir onde está o ponto fraco.

Logo, onde há comparação não existe amor.




Quando a mãe e o pai amam os
filhos, eles não os comparam,
não comparam o filho com outra criança;
ele é o seu filho e eles amam esse filho.

Mas vocês querem comparar-se com algo melhor,
com algo mais nobre, com algo mais rico; e, assim,
criam em si mesmos uma falta de amor.

Vocês estão sempre preocupados consigo mesmos
em relação a outra pessoa.





À medida que se torna cada vez mais
comparativa, cada vez mais possessiva,
cada vez mais dependente, a mente
cria um padrão em cujas malhas
se aprisiona a si mesma, de modo que
não pode ver coisa alguma de maneira nova
pela primeira vez.

Desse modo, ela destrói essa coisa,
esse perfume da vida,
que é o amor.

J. Krishnamurti.

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